
Os brasileiros estão comendo menos feijão e arroz de acordo com pesquisa da Companhia Nacional de Abastecimento - Conab. Em 2006, 71,9% da população adulta comia feijão pelo menos cinco vezes por semana. Em 2009, a proporção caiu para 65,8%. Há argumentos tradicionais utilizados para justificar a redução do consumo de feijão. Os economistas afirmam que o produto tem elasticidade de renda negativa, ou seja, à medida que a renda do consumidor aumenta o consumo do produto diminui. Por sua vez, outros afirmam que ocorreu um crescimento do preço real do feijão em comparação a outros alimentos. Outros ainda apontam a dificuldade de preparo caseiro e o tempo de cozimento que se contrapõe à necessidade de redução do tempo de trabalho doméstico. Além disso, há maior número de pessoas fazendo suas refeições fora do lar e a substituição do feijão por outras fontes de proteína. Os dados da pesquisa demonstram o impacto das mudanças no padrão alimentar do brasileiro - que acompanha tendência mundial de maior consumo de alimentos gordurosos - e, ao mesmo tempo, a preocupação de uma parcela da população em reverter esse quadro. Com um ritmo de vida cada dia mais corrido, as pessoas acabam por optar por comidas mais rápidas, incluindo as industrializadas. Além disso, as pessoas passaram a comer mais vezes fora de casa.O percentual de pessoas que almoçam em casa ou preparam sua refeição tem reduzido nos últimos anos, e assim as pessoas acabam optando por alimentos mais práticos e, geralmente, mais gordurosos, como os pré-cozidos, enlatados ou mesmo os fast-foods.A boa notícia do perfil alimentar do brasileiro é o aumento do consumo de pelo menos cinco porções diárias de frutas e hortaliças. Cerca de 30,4% da população com mais de 18 anos optam por esses alimentos cinco ou mais vezes na semana. O consumo por sua vez subiu de 7,1% para 18,9% da população de 2006 a 2009. Mesmo com o índice ainda baixo, o aumento reflete uma maior conscientização sobre a alimentação saudável.Consumo de feijão cai e arroz está estagnadoCom a mudança no estilo de vida da população, o feijão e o arroz estão saindo da rotina do brasileiro. O consumo de feijão entre os brasileiros tem caído nos últimos 40 anos, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento - Conab. Da década de 1970 para cá, a redução foi vertiginosa: quase 50%. Na década de 70, o consumo per capita do feijão chegava a 21,50 quilos/ano, conforme dados do IBGE. Nos anos 80, baixou para 16,39 quilos/ano e, na década de 90, teve um ligeiro aumento, para 16,80 quilos/ano. Porém, após o Plano Real, em 1996, o consumo teve nova queda. Hoje, não passa dos 16 quilos/ano. Já o consumo de arroz - que varia de 74 a 76 quilos/habitante/ano - está estagnado, apenas acompanhando o crescimento populacional, provocando preocupação nos produtores, que não sabem como lidar com os estoques excedentes. Com a oferta cada vez mais rica de produtos congelados, industrializados e prontos para o consumo, a tradicional cena do arroz com feijão têm sido cada vez menos freqüente no prato dos brasileiros. Os novos produtos alimentares criados pela indústria têm conquistado um público crescente, principalmente nos grandes centros, onde também o fast-food é uma realidade para milhões de brasileiros. Devido a essa mudança, não só o feijão e o arroz, mas também a farinha de mandioca, e a farinha de milho - alimentos mais tradicionais na dieta do brasileiro - têm amargado uma redução significativa em seu consumo. O arroz com feijão ainda são prioridade para os indivíduos de renda menor, de acordo com o levantamento da Conab. Mas para os mais abastados, estes alimentos ocupam posições menos privilegiadas. Mudança na mesaO recuo no consumo total dos dois produtos decorre da mudança de hábitos alimentares, principalmente da classe média. A vida agitada das famílias, com pais e mães trabalhando fora, favorece hoje mais o consumo de alimentos industrializados, como sanduíches e pizzas. A dieta de arroz com feijão ficou um pouco abandonada porque as famílias não estão mais se reunindo para fazer as refeições. Outro reflexo social importante, estimulado pela grande variedade de oferta de refeições rápidas e a tendência a considerar a dupla arroz com feijão como “comida de pobre”. Por isso, à medida que aumenta a renda dos consumidores, eles tendem a trocar o prato tradicional por itens como massas e embutidos.
Sebastião B. Felix
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